Carta de amor para a solidão

Depois de um tempo acabei percebendo que estar sozinha é ótimo. Sem amigos, sem caras, sem ninguém. Descobri nesse meio tempo que a solidão é uma ótima companhia e incrivelmente bem humorada. Ela ouve os seus medos, seus anseios, entende os seus dengos, suas frescuras, seus choros e risos histéricos. Ficar sozinha não precisa ser encarado como algo ruim, qual é! A solidão é linda. Chorar sozinha apenas abraçando um travesseiro é libertador, tanto quanto ficar tão feliz a ponto de fazer uma dancinha de comemoração no quarto e morrer de rir sozinha ao ver seu reflexo no vidro da janela. É claro que eu admiro a amizade, ela é algo muito bom também. Mas com o tempo eu fui virando adulta, casualmente meus amigos também. Cada um com suas vidas e com seus problemas. Eles não tem tempo e nem querem saber o que me tira o sono e a tranquilidade. Ai você se pergunta, mas e a família?! Não são amigos?! Com o tempo percebi que era como minha mãe sempre falou, família somos nós que vivemos na mesma casa. Quando ela me disse isso eu deveria ter uns sete anos de idade e óbvio que considerava todos os primos como família, até aqueles de 95848383 grau. Mas agora com quase vinte e um anos de idade a realidade bateu em minha porta, eu abri e levei um tapa na cara. Daqueles que deixam marca. Agora sinto um aperto no peito e um nó na garganta. Afinal, é difícil deixar tudo de lado e para trás. É difícil cortar os laços, mesmo eles estando ali só por causa da convivência de anos e anos. É quase como terminar um relacionamento onde ainda há sentimento, mas não há mais jeito de ambos se suportarem em todos os momentos da vida. Eu vou pegar a solidão e dançar, se alguém quiser me acompanhar tudo bem. Mas não vou deixar a solidão totalmente de lado, no fim ela é a única que continuará lá.